Avó, as saudades que eu tenho tuas. As saudades de te ouvir contar as tuas histórias de juventude, de como conheceste o avô, como o meu pai era um traquina, as aventuras dos meus tios e dos meus primos. Agora quem vai contar isso aos teus bisnetos com a mesma paixão e brilho nos olhos que tu tinhas?
Neste momento a única coisa que queria era poder pegar novamente na tua mão quente e dizer que te adoro. As vezes, não fui a mais correcta contigo, deixei-te algumas vezes sozinha, mas se soubesse que o tempo contigo era cada vez menor, eu tinha ficado contigo nem que fosse apenas para te fazer companhia… Desculpa-me!
Agora quem me vai fazer os doces de Natal? Só tu sabias exactamente como eu gostava, aquela aletria de comer e chorar por mais…
Nunca pensei que passado três meses da tua partida eu estivesse pior do que estava quando te vi pela última vez. Nunca mais poderei ver o brilho dos teus olhos ou mesmo rir-me das tuas palavras mal ditas.
Eu sei que aqui estavas a sofrer e que o melhor foi partires para um sitio melhor, dizem os entendidos, mas como te disse naquele dia vou sempre ter contigo esteja a frio ou sol, irei sempre partilhar contigo o meu dia, ou até mesmo pedir opinião para alguma coisa, sei que nunca me vais poder responder mas desabafar contigo vai saber bem.
Nunca me irei esquecer das tuas ultimas palavras que me disseste Até amanha minha neta e agora sou eu que te digo Até amanha minha avó.
Amo-te Avó (1922-2012)
Da tua querida neta, Liliana Fonseca